Nassim taleb fala sobre a influência da sorte na vida das pessoas, nos mercados e como somos iludidos sem perceber sobre muitos fatores que envolvem nossa vida. A aleatoriedade está presente em muito mais coisas do que imaginamos e Talleb mostra tudo isso de maneira brilhante.
Minhas anotações:
Não é preciso dizer que as ideias deste livro recaem na categoria trágica: temos falhas e não precisamos nos preocupar em corrigi-las. Somos tão defeituosos e incompatíveis em relação ao nosso ambiente que podemos simplesmente contornar essas falhas.
“A observação das inúmeras infelicidades que acompanham todas as situações nos proíbe de nos vangloriar de nossa atual felicidade ou de admirar a felicidade de um homem, porque pode no decorrer do tempo sofrer mudança, uma vez que o futuro incerto ainda não chegou, com toda a variedade que pode trazer; e apenas aquele a quem a divindade já garantiu permanente felicidade até o final podemos considerar feliz”.
Não importa com que frequência algo tem êxito se o fracasso tem um preço demasiadamente elevado.
Psicólogos mostraram que a maioria das pessoas prefere fazer 70 mil dólares quando os outros em volta estão ganhando 60 mil do que fazer 80 mil quando os outros em volta ganham 90 mil.
Será que podemos julgar o sucesso das pessoas apenas por seu desempenho. nu e cru, e por sua fortuna pessoal? As vezes – mas não sempre. Veremos como, em determinada altura, muitos homens de negócios com desempenho notável no passado não se saem melhor do que dardos atirados aleatoriamente.
E o que é mais curioso – e isso devido a uma distorção peculiar – haverá uma abundância de casos em que os homens de negócios menos capacitados serão os mais ricos. Entretanto, eles nunca admitirão o papel da sorte em seus desempenhos.
Idiotas sortudos não têm a menor suspeita de que sejam idiotas sortudos – por definição, não sabem que pertencem a essa categoria.
Ao que se espera, e com justa razão, um dentista é consideravelmente mais rico do que o astro do rock que anda de Rolls Royce cor-de-rosa com motorista, o especulador que dá lances num leilão de quadros impressionistas ou o empresário que coleciona jatos particulares. Isso porque não se pode considerar uma profissão sem levar em conta a média das pessoas que se engaja nela, não a amostragem daqueles que tiveram sucesso nela.
Parto do lugar-comum de que não se pode julgar o desempenho em qualquer área (guerra, política, medicina, investimentos) por seus resultados, mas se deve fazê-lo pelos custos da alternativa (isto é, se a história tivesse se desenrolado de maneira diferente). Esses cursos de acontecimentos substitutos são chamados de histórias alternativas. E evidente que a qualidade de uma decisão não pode ser julgada apenas com base em seu resultado, mas esse ponto de vista parece ser emitido apenas por pessoas que fracassam (os que têm êxito atribuem seu sucesso à qualidade de sua decisão).
O leitor pode agora entender meu conceito inusitado de contabilidade alternativa: 10 milhões ganhos por meio da roleta-russa não têm o mesmo valor que 10 milhões ganhos por meio da laboriosa e difícil arte da odonto logia. As duas quantias são iguais, podem comprar as mesmas coisas, exceto que a dependência de uma em relação ao acaso é maior. Para um contador, entretanto, elas seriam iguais. Para seu vizinho também.
Heróis são heróis porque são heroicos no comportamento, não porque ganharam ou perderam.
Um lucro de 15% com 10% de volatilidade (ou incerteza) por ano se traduz em uma probabilidade de 93% de ganhar dinheiro em determinado ano. Mas. numa escala de tempo reduzido, isso se traduz numa probabilidade de 50.02% de ganhar dinheiro em determinado segundo, como é mostrado no Quadro 3.1. Com um incremento de tempo muito pequeno, a observação revelará quase nada. Contudo, o coração do dentista não lhe dirá isso. Sendo emotivo, ele sofre a cada perda mostrada em vermelho na tela do computador.
1. Num pequeno incremento de tempo, observa-se a variabilidade da carteira, não os retornos. Em outras palavras, vê-se a variância e pouco mais. Sempre me obrigo a lembrar que o que se observa é, na melhor das hipóteses, uma combinação de variância e retornos, não apenas retornos (mas minhas emoções não se importam com o que digo a mim mesmo).
2. Nossas emoções não foram projetadas para compreender essa questão.O dentista saiu-se melhor quando lidava com extratos mensais do que com outros mais frequentes. Talvez tivesse sido melhor que se limitasse a extratos anuais. (Se você acha que pode controlar suas emoções, pense que algumas pessoas também acreditam que podem controlar as batidas do coração ou o crescimento dos fios de cabelo.)
3. Quando vejo um investidor acompanhando sua carteira com precos on-line no seu telefone celular, eu sorrio.
Independente do que aleguem, uma pontada negativa não é compensada por uma positiva (alguns economistas comportamentais estimam que um efeito negativo é 2,5 vezes maior que um positivo); isso levará a um déficit emocional.
Algumas pessoas supostamente sábias e racionais frequentemente me culpam por “ignorar” possíveis informações valiosas nos jornais diários e por me recusar a desconsiderar os detalhes do ruído como “eventos de curto prazo”.
Minha única vantagem na vida é que conheço algumas das minhas fraquezas, principalmente a de não conseguir controlar emoções diante do noticiário e de ser incapaz de ver um desempenho com a mente clara. O silêncio é muito melhor.
Uma maneira concebível de diferenciar um intelectual científico de um intelectual literário é considerar que o primeiro geralmente pode reconhecer o trabalho de um colega, mas o segundo não seria capaz de dizer a diferença entre linhas escritas por um cientista ou por um não cientista falastrão. Isso torna-se ainda mais patente quando o intelectual literário começa a usar palavras científicas que julga ser muito importantes, como “princípio da incerteza”, “teorema de Gödel”, “universo paralelo”, ou “relatividade”, seja fora do contexto ou, como acontece frequentemente, em exata oposição ao seu significado científico. Sugiro que se leia o hilariante Imposturas intelectuais, de Alan Sokal, como ilustração desse tipo de prática (ri tão alto e com tanta frequência com esse livro num avião que os outros passageiros ficaram sussurrando coisas a meu respeito).
Podemos elaborar aleatoriamente um discurso que imite o do nosso principal executivo para decidir se o que ele está dizendo tem valor ou se é apenas bobagem “vestida a rigor” vinda de alguém com sorte para ter sido posto na função.
Cuidamos dos interesses de nosso cliente/nosso futuro/ nossos ativos são nossa gente/criação do valor do acionista/nossa visão/ nosso conhecimento especializado está em/fornecemos soluções interativas/ nos posicionamos nesse mercado/ como servir nossos clientes melhor/sacrifícios no curto prazo para lucros no longo prazo/seremos recompensados no longo prazo/trabalhamos com base no nosso valor e corrigimos nossas fraquezas/coragem e determinação prevalecerão/ temos compromisso com a inovação e a tecnologia/um empregado feliz é um empregado produtivo/compromisso com a excelência/ plano estratégico/nossa filosofia de trabalho.
Se isso se parece demais com o discurso que você acabou de ouvir do seu chefe, então sugiro que procure outro emprego.
Nossos genes ditam uma necessidade de péché mignon. Até mesmo os economistas, que em geral encontram meios abstrusos de escapar completamente da realidade.
estão começando a compreender que o que nos faz pulsar não é, necessaria-mente, o contador que temos dentro de nós. Não precisamos ser racionais e científicos quando se trata dos detalhes da vida diária – apenas nas coisas que podem nos causar mal e ameaçar nossa sobrevivência. A vida moderna parece nos convidar a fazer o oposto: nos tornar extremamente realistas e intelectuais quando se trata de assuntos como religião e comportamento pes-soal, e tão irracionais quanto possível quando se trata de mercados e assuntos comandados pelo acaso.
Devido aos eventos raros abruptos, não vivemos num mundo onde tudo “converge continuamente na direção da melhoria”. Também acontece que as coisas, na vida, não se movem continuamente, em absoluto.
Descobrimos que, em nível bem pequeno, as partículas saltam (discretamente) entre seus estados; elas não deslizam entre eles.
Devido a um vício da estrutura do acaso, uma pessoa que tem lucro, como John, alguém que é um puro perdedor no longo prazo e. portanto, inapto à sobrevivência, apresenta um alto grau de elegibilidade no curto prazo e tem a propensão de multiplicar seus genes. Lembre-se do efeito hormonal na postura e seu efeito sinalizador para outros parceiros sexuais em potencial.
Seu sucesso (ou pseudossucesso, devido à sua fragilidade) ficará evidenciado em suas feições, como um farol. Um inocente parceiro sexual em potencial será enganado, pensando (incondicionalmente) que ele tem uma estrutura genética superior até o evento raro seguinte. Solon parece ter acertado; mas tente explicar o problema a um ingênuo homem de negócios darwiniano – ou a seu vizinho rico do outro lado da rua.
A frequência do lucro é irrelevante: é a magnitude do resultado que conta. É um fato puramente contábil que, à parte os comenta-ristas, poucas pessoas levam para casa um cheque que dependeu de quantas vezes estavam certas ou erradas. Essa categoria inclui os “estrategistas-chefes” dos principais bancos de investimentos que o público pode observar na televisão, que não são em nada melhores que os apresentadores.
Eles são famosos, parecem falar coisas razoáveis, jogam bem com números, mas, fun-cionalmente, estão ali para divertir, pois, para que suas previsões tivessem alguma validade, necessitariam de uma estrutura estatística de testes. Sua fama não vem do resultado de um teste sofisticado, mas do resultado de suas habilidades de apresentador.
Alguém observando a série temporal de sua ocupação não veria absolutamente nenhum ganho, embora cada dia o deixasse mais perto. em probabilidade, de obter um resultado.
A mesma coisa com as editoras; elas podem publicar livros comuns atrás de livros comuns sem que o modelo de seu negócio sofra a mais leve contestação se uma vez em cada década tiver um best-seller como Harry Potter – desde que, é claro, publiquem trabalhos de alta qualidade, que tenham uma pequena probabilidade de atrair público.
Agora estou convencido de que a maior parte da econometria é inútil – grande parte do que os estatísticos financeiros sabem talvez não valha a pena saber. Isso porque uma soma de zeros, ainda que repetida 1 bilhão de vezes, continua sendo zero; da mesma forma, uma acumulação de pesquisas e avanços na complexidade levará a nada se não há um terreno firme debaixo dela. Estudar os mercados europeus da década de 1990 será certamente de grande valia para um historiador; mas que tipo de inferência podemos tirar agora, quando a estrutura das instituições e dos mercados mudou tanto?
Somos humanos e agimos de acordo com nosso conhecimento, que integra dados passados.
Niederhoffer parece abordar os mercados como uma fonte de orgulho, status e vitórias sobre seus “adversários” (como eu), tal qual um jogo com regras definidas. Ele era um campeão avassalador e altamente competitivo; mas a realidade não tem as mesmas leis e regras fechadas e simétricas dos jogos. Sua natureza competitiva fez com que entrasse numa disputa feroz para “vencer”. Como vimos no último capítulo, os mercados (e a vida) não são situações do tipo ganhar ou perder, já que o custo das perdas pode ser notavelmente diferente dos ganhos com as vitórias. Maximizar a probabilidade de vencer não significa maximizar a expectativa do jogo quando a estratégia inclui assimetria, ou seja, uma pequena chance de uma grande perda e uma grande chance de um pequeno ganho. Se você desenvolvesse uma estratégia do tipo roleta-russa com uma baixa probabilidade de uma grande perda, uma que o leve à falência a cada tantos anos, provavelmente figuraria como vencedor na maior parte das amostras – com exceção do ano em que morrer.
Há algo não filosófico em investir o orgulho e o ego na ideia de que “minha casa/minha biblioteca/meu carro é maior que a dos meus pares”. E é tolice afirmar que se é o primeiro de sua categoria quando se está sentado sobre uma bomba-relógio.
A resposta de Popper
1. Teorias que se sabe ser erradas, pois foram testadas e propriamente rejeitadas (ele as chama de falsificadas).
2. Teorias que ainda não se sabe se são erradas, e portanto ainda não são falsificadas, mas estão passíveis de ser provadas erradas.
Por que uma teoria nunca está certa? Porque nunca saberemos se todos os cisnes são brancos (Popper pediu emprestada a ideia kantiana de uma falha nos nossos mecanismos de percepção). O mecanismo de teste pode ser falho.
Entretanto, a assertiva de que há um cisne negro pode ser feita. Uma teoria nunca pode ser verificada.
Assim, uma teoria só pode ser aceita provisoriamente, e algo que não recai em uma dessas duas categorias não é uma teoria. Uma teoria que não apresenta um conjunto de condições sob as quais seria considerada errada deve ser denominada charlatanismo – e também seria impossível de ser rejeitada. Por quê? Porque o astrólogo sempre pode encontrar uma razão para explicar o evento passado, dizendo que “Marte estava alinhado, mas não tanto assim” (da mesma forma, para mim, um trader que não tem um ponto que o faria mudar de opinião não é trader).
A teoria de Newton é científica porque pode ser falsificada, uma vez que sabemos que está errada, enquanto a astrologia não está porque não oferece condições sob as quais possamos rejeitá-la.
A astrologia não pode ser refutada, devido à hipótese auxiliar que entra em jogo. Esse ponto está na base da divisão entre ciência e tolice (e é chamado de “problema da demarcação”).
Indução e memória
A memória nos humanos é uma grande máquina de fazer inferências in-dutivas. Pense nas lembranças: o que é mais fácil recordar, uma coleção de fatos aleatórios grudados ou uma história, algo que tem uma série de ligações lógicas? A causalidade fica mais facilmente na memória. Nosso cérebro teria menos trabalho para reter a informação nesse caso. O tamanho seria menor. Mas o que é indução exatamente? Indução é ir de muitos particulares ao geral. É muito útil, já que o geral ocupa muito menos espaço na memória que uma coleção de particulares. O efeito de tal compressão é a redução do grau de acaso detectado.
A aposta de Pascal
Quero tirar o melhor que o passado possa me oferecer sem seus perigos. Assim, uso a estatística e os métodos indutivos para fazer apostas agressivas, mas não uso para gerenciar meus riscos e minha posição. Surpreendentemente, todos os traders sobreviventes que conheço parecem ter feito a mesma coisa. Eles negociam papéis apoiados em ideias baseadas em certas observações (que incluem a história). mas, como os cientistas popperianos, tomam medidas para que os custos de estar errados sejam limitados (e para que a probabilidade de isso acontecer não derive dos dados passados). Diferentemente de Carlos e John, eles sabem, antes de se engajar numa estratégia de negociação, quais eventos mostrarão que sua conjectura estava errada, e dão o devido desconto .
Então encerram a transação. Isso é chamado de stop loss, um ponto de saída predeterminado, uma proteção contra o cisne branco. Raras vezes vejo isso em prática.
Viés do sobrevivente. Janet acha que seu marido é um fracasso, por comparação, mas está calculando as probabilidades de modo grosseiro, usando a distribuição errada para inferir uma escala. Quando comparado com a população dos Estados Unidos em geral, Marc tem se saído muito bem, melhor do que 99,5% dos outros.
Mas, quando comparado a seus vizinhos de condomínio, está lá embaixo! Por quê? Porque ele escolheu morar entre pessoas que têm muito sucesso, numa área onde o fracasso não tem vez. Em outras palavras, aqueles que fracassaram não aparecem absolutamente na amostra, fazendo com que pareça que Mar não teve nenhum tipo de sucesso. Morando na Park Avenue, não se veem os perdedores, apenas os vencedores.
Além dessa percepção errônea do desempenho de alguém, outro efeito opera: quando você fica rico, muda-se para uma vizinhança rica, então se torna pobre de novo. E a isso se aplica o mesmo efeito psicológico: você se acostuma com a riqueza e volta a determinado ponto de insatisfação.
Otimismo, dizem, é indicativo de sucesso. É mesmo? Porque também pode ser indicativo de fracasso. Pessoas otimistas certamente correm mais riscos porque têm muita confiança em suas chances; aqueles que vencem aparecem entre os ricos e famosos, enquanto aqueles que falham desaparecem das análises, infelizmente.
O primeiro ponto contraintuitivo é que uma população composta inteiramente de gestores ruins produzirá uma pequena quantidade de fichas de desempenho extraordinárias.
O segundo ponto contraintuitivo é que a expectativa do máximo desempenho, no que diz respeito às fichas de desempenho, com o que estamos preocupados.
depende mais do tamanho da amostragem inicial do que das probabilidades individuais de cada administrador. Em outras palavras, o número de administradores com ótimas fichas de desempenho em determinado mercado depende muito mais do número de pessoas que se lançaram no ramo de investimentos (em lugar de cursar odontologia) do que de sua capacidade de produzir resultados.
O resultado é que, na vida real, quanto maior o desvio da norma, maior a probabilidade de vir da sorte que da habilidade.
Isso se aplicado à altura dos indivíduos ou ao tamanho de cachorros. No último caso, considere que dois animais de porte médio produzam uma cria grande. Os cachorros maiores, caso difiram muito da média, tenderão a produzir crias menores que eles próprios, e vice-versa.
Ergodicidade
Olhando para a frente, a despeito do fato de que esses administradores obtiveram lucros durante os últimos cinco anos, esperamos que eles empatem num período futuro qualquer. Seu desempenho não será melhor do que o de qualquer um dos pertencentes ao grupo inicial que fracassaram mais cedo no exercício. Ah, o longo prazo.
Lembre-se de que ninguém aceita o papel do acaso em seu próprio sucesso, apenas em seu fracasso. O ego dele estava inflado, pois chefiava um departamento de “grandes traders”, que na época faziam fortuna nos mercados. Depois todos explodiram, durante o duro inverno de 1994 em Nova York
O truque é o seguinte. O vigarista tira 10 mil nomes de uma lista telefônica. Ele envia uma carta “touro para metade da amostragem e uma carta “urso” para a outra metade. No mês seguinte ele seleciona os nomes das pessoas para quem enviou a carta com a predição certa, isto é, 5 mil nomes. No mês seguinte, faz o mesmo com os restantes 2500 nomes, até que a lista fica reduzida a quinhentas pessoas. Dessas, restarão duzentas vítimas. Um investimento de mil ou 2 mil dólares em selos resultará em lucro de uns bons milhões.
Avaliar um investimento que chega até você requer padrões mais rígidos do que avaliar um investimento que se procura, devido a essa tendência de seleção. Por exemplo, indo a um grupo composto de 10 mil gestores, tenho 2% de chance de encontrar um sobrevivente espúrio. Ficando em casa e atendendo à campainha, essa chance é de 100%.
Se você encontrar alguém por acaso, há uma chance em 365,25 de o seu aniversário coincidir com o da pessoa.
Agora, vamos olhar para uma situação em que há 23 pessoas numa sala. Qual é a probabilidade de duas pessoas ali fazerem aniversário no mesmo dia? Cerca de 50%. Isso porque não estamos especificando quais pessoas devem compartilhar a data de aniversário; qualquer par serve.
Se sua mente opera em séries de regras diferentes e desconectadas, elas podem não ser necessariamente consistentes umas com as outras, e se ainda puderem fazer o trabalho localmente, não necessariamente podem fazê-lo globalmente.
Considere que nosso cérebro reage de maneira diferente à mesma situação dependendo do capítulo em que se abre. A falta de um sistema de processamento central faz com que tomemos decisões que podem ser conflitantes entre si. Você pode preferir maçã a laranja, laranja a pera, mas pera a maça – depende de como as escolhas lhe são apresentadas.
“Sou tão bom quanto minha última transação”
as pessoas superestimam seu conhecimento e subestimam a probabilidade de estarem erradas. Um exemplo para ilustrar a cegueira diante das opções. O que tem mais valor: (a) um contrato que paga a você 1 milhão de dólares se o mercado cair 10% em qualquer dia no próximo ano ou (b) um contrato que paga 1 milhão se o mercado cair 10% em qualquer dia no próximo ano devido a um ato terrorista? A maior parte das pessoas escolherá (b).
O EXPERIMENTO DO POMBO DE SKINNER
Skinner projetou a caixa a fim de estudar as propriedades mais gerais do comportamento de diversos não humanos, mas em 1948 que ele teve a brilhante ideia de ignorar a diversos nio humanos, mas n entrega da comida, programando o mecanis para entregar alimento aleatoriamente para os pássaros famintos.
Skinner viu que os pássaros apresentavam um comportamento surpreen-dente: eles desenvolveram um comportamento do tipo “dança da chuva’ extremamente sofisticado em resposta ao mecanismo estatístico gravado em seu Cerebro. Um pássaro balançava a cabeça de forma rítmica contra determinado canto da caixa, outros giravam a cabeça no sentido anti-horário; literalmente. todos os pássaros desenvolveram um ritual específico, que foi progressivamente gravado em suas mentes, ligado ao programa da alimentação. Esse problema tem uma extensão mais preocupante: não fomos feitos para ver as coisas como independentes umas das outras. Ao ver dois eventos, A e B, é difícil não presumir que A causa B, B causa A ou ambos se causam. Nossa tendência é estabelecer, imediatamente, um elo causal.
“Exigimos o direito de nos contradizer!”
Monsieur de Norpois não estava mentindo. Ele apenas não se lembrava. Nos esquecemos com bastante rapidez daquilo em que não pensamos anteriormente com profundidade, do que nos foi ditado por imitação. pelas paixões que nos cercam.
Essas coisas mudam, e com elas também mudam nossas lembranças. Até mesmo mais do que diplomatas, os políticos não se lembram de opiniões que defenderam em certo ponto de sua vida, e suas pequenas mentiras são mais atribuíveis a um excesso de ambição do que à falta de memória.
Monsieur de Norpois é levado a se envergonhar do fato de que havia expressado uma opinião diferente. Proust não levou em consideração que o diplomata poderia ter mudado de opinião. Espera-se que sejamos fiéis às nossas opiniões. De outra forma, tornamo-nos traidores.
Bem, eu acho que Monsieur de Norpois deveria ser trader. Um dos melhores que encontrei na minha vida.
Há um teste simples para se definir dependência das crenças em relação ao caminho percorrido. Digamos que você possui um quadro que comprou por 20 mil dólares e, devido às condições róseas do mercado de arte, a pintura agora vale 40 mil. Se não possuísse esse quadro, optaria por adquiri-lo pelo preço atual? Se a resposta for não, então se pode dizer que você é casado com sua posição. Não há razão para manter um quadro que não compraria pelo preço atual do mercado – seria apenas um investimento emocional. Muita gente fica casado com suas ideias até a sepultura.
Recentemente, apareceu toda uma indústria de “medidores de riscos”, especializados na aplicação dos métodos probabilísticos a fim de calcular os riscos nas ciências sociais.
O jogo não é um baralho (nem mesmo sabemos quantos naipes há). Mas, de alguma forma, as pessoas “medem” os riscos, particularmente se são pagas para fazer isso.
Agora vou apresentar os criminosos científicos.
Certo Harry Markowitz, Por qual feito? Ter criado um complicado método de calcular o risco futuro a partir da incerteza futura; em outras palavras, se os mercados tivessem regras claramente definidas, do tipo que se encontra no manual do jogo de Banco Imobiliário. Bem, eu expliquei a tese a um motorista de táxi, que riu do fato de alguém ter pensado que havia um meio científico de compreender os mercados e prever suas características.
Em algumas décadas, olharemos para o comitê do Nobel com o mesmo sorriso desdenhoso de quando olhávamos para as respeitadas instituições “científicas” da Idade Média que promoviam (contra todas as evidências observadas a ideia de que o coração era a fonte de calor do corpo? Erramos algumas coisas no passado e rimos das instituições que nos antecederam; é hora de perceber que devemos parar de consagrar as atuais.
A lição que aprendi com Soros foi de iniciar toda reunião convencendo a todos de que eu e minha equipe somos um bando de idiotas que não sabem nada e têm tendência a errar, mas com o raro privilégio de sabê-lo.
Sabemos dessa diferença entre desempenho e autoavaliação desde 1954.
Quando o estudo de Meehl com especialistas comparando suas supostas habilidades e suas estatísticas saiu. Ele mostrou uma discrepância substancial entre o registro objetivo de sucesso de um indivíduo em tarefas de previsão e a crença sincera dele na qualidade de seu desempenho. O viés da atribuição tem outro efeito: dá às pessoas a ilusão de serem melhores no que fazem, o que explica a descoberta de que de 80% a 90% das pessoas acredita que estão acima da média (e da mediana) em muitas coisas.